quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

São Silvestre

Saímos ainda na chuva. Não adiantava correr, havia muitos á frente. Um coelho de Alice se aproximou chamando. Mas a velocidade do animal era incrivelmente alta. Sentia minha gordura movimentar ao redor da barriga, entre as pernas e debaixo dos braços. Conseguia avistar o coelho muito longe por conta do chapéu, mas já não ouvia sua voz “corra, corra, você tem que correr”. Mesmo assim corria desejando ser um etíope. Desejando que a chuva caísse morna, porque aquelas gotas geladas incomodavam demais. Pelo contrário, se fizesse sol seria impossível transpor mais alguns metros. Bendita chuva. Benditas pernas. Maldita idéia. Os vultos de ambos os lados: uns passavam como balas, outros faziam gestos, mas ficavam pra trás. Isso causava certa vertigem. Muita vertigem, tanta que parecia cãibra. Era cãibra e vertigem e dor no estômago. As pernas falharam, um baque no chão. Ouvindo muitos passos, uma cavalaria. Abri os olhos. No meu socorro um Lampião, um Bush e um Jesus Cristo preto.

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