terça-feira, 23 de junho de 2009

Livros me dão náusea 11

Por que eu passo mal quando leio? Acho que é a ansiedade. me sinto uma pessoa tão estranha... Meu coração dá uns pulinhos. Fico agoniada pra não acabar e pra acabar e pra ler o próximo. Acho que é a quantidade de livros que pretendo ler em meio às outras coisas que preciso fazer.
Por enquanto... Noites na Taverna e ainda O evangelho segundo Jesus Cristo.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Relicário

Seu amor se foi depois de cinco longos anos de paixão infinita. De paraíso eterno. Ele se sentia traído por ter acreditado nela. Sem saber, nunca jamais, que seu paraíso estava fadado ao fim precoce.
Às vezes pensava: ninguém gosta realmente de saber a verdade. Muito menos ele gostaria de saber que tudo estava próximo de terminar.

Quando Joana foi embora, Roberto tentou fazê-la ficar. Disse a todos em redor que a salvassem, que ele não poderia ser abandonado. Recebeu em troca alguns comprimidos para dormir. Mas os sonos dos remédios são dolorosos e nos fazem acordar cansados e culpados.

Roberto voltou à casa sozinho na companhia de amigos. Sentou-se no sofá imaginando a mentira em que vivera. Nada o fazia perdoá-la. Quem poderia amá-la como eu? E em troca mentira.

Os amigos se foram. Nos primeiros dias, revezavam-se com medo de que ficasse sozinho em meio a tanta dor e lembrança. Não vou me matar, se é isso que os preocupa. Pensava Roberto sem coragem de dizer porque não estava convicto desse pensamento.
Quando as companhias começaram a escassear, passou a arrumar as roupas dela. Vagarosamente foi encontrando peças. Calcinhas no chuveiro, remolhadas algumas vezes. Roupas sujas que cheirou. Enxugou suas lágrimas em uma camiseta preta, enlutada como seu coração. Havia uma máquina cheia de roupas mofando e outras esturricadas no varal. Recolheu-as todas. Dobrou e fez pilhas. Calças, blusas, camisetas, meias, sapatos. Esvaziou armários e deixou todo sobre a cama, até ocupar quase todo o espaço em que ela dormir.

Passou a dormir ao lado daqueles enormes montes de roupa. À noite virava-se para elas e aspirava seu cheiro de Joana. Sonhava com ela, perguntando o porquê de nunca ter contado sobre sua doença. No que ela respondia que não estragaria a vida maravilhosa que tinham nem com tratamentos terríveis, nem com a tristeza da despedida antecipada. Dizia que se recusava a tentar parar o rumo da vida, que para ela, chegaria rapidamente à morte. Mas isso era em sonho e Roberto não se conformava.

Passados meses, um amigo preocupado o procurou. Aconselhou-o a doar as roupas, arrumar seu quarto, reorganizar a vida. Apesar da resistência inicial, aceitou. Com mais tato ainda, o amigo sugeriu que Roberto procurasse um laboratório e fizesse exames, poderia estar infectado também...

Roberto prometeu resolver ambos os assuntos e encerrou a conversa.

Cumpriu o prometido de entregar as roupas em uma igreja. Arrumou o quarto. Lavou as próprias roupas e mesmo sem chão conseguiu viver. Porém, decidiu não fazer o exame. Se Joana não contara é porque não precisava saber.

Com todas as resoluções tomadas, Roberto vendou a casa que trazia tão boas lembranças e foi morar em outro estado. Levou apenas uma caixa de lembranças de Joana e seus pertences. Na nova cidade, se refez e passou toda a vida, até morrer gordo e velho.

Os parentes próximos foram tratar de se desfazer das roupas e outras quinquilharias do defunto como fazem todos os parentes. E em uma caixa encontram uma foto de Roberto e Joana. A última foto que tiraram juntos, da qual Roberto jamais se separou.

No verso da foto estes dizeres: Não me puna pelos meus segredos, eles me matarão, mas jamais deixarei que atinjam a ti.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Livros me dão náusea 10

Comecei a ler o lindo Nas tuas mãos, da Inês Pedrosa. Mal comecei, já estou adorando.
Poesia completa do Cruz e Sousa e A mão e a luva (Machado de Assis). Demorando pra pôr a leitura em dia por muios motivos. O principal, a preguiça.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Uma bandeira, um preço,
uma paixão:
liquidação.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Uma gota
de orvalho na cara.
Lágrima.
Frente fria
Nuvem baixa
Vida cinza

Rubro-negra

Bolinha de asas

Joaninha