quinta-feira, 30 de abril de 2009

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Você faz isso mesmo. Me faz chorar, borrar a maquiagem. Ser vista com o rosto molhado dentro do ônibus. Faz isso mesmo: me deixa solta, sem notícias, sem rumo. Se esquece dos desejos e deveres de quem ama e é amada. Faz isso, esvazia a cama, esfria o cobertor. Me mantém agarrada, atrelada a esse fantasma que é você e seu amor mal amado. Me faz cair no choro ao ver que está chovendo, caindo uma tempestade, pensando em você, se está bem, se sobreviveu mais um dia. Me faz sentir a carne devassada. Mal-curada das feridas. O corpo doído de ficar na cama, sobrevivendo de uma criatividade desesperada.

Livros me dão náusea 8 - minimalista tb

O Evangelho segundo Jesus Cristo.

domingo, 26 de abril de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Livros me dão náusea 6

Os contos vão, como contos. Episódios. Hoje estou lendo Um copo de cólera. O que virá amanhã?

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Eu só quero que você saiba da fossa que estou passando. Com a garganta doendo de segurar o choro, esperando até todos dormirem pra chorar. Que meu amor por você ainda é maior do que a raiva que sinto quando seu celular está desligado e quando você age assim querendo me "poupar" e me matando. Que as coisas com você são sempre muito radicais e que não vou me acostumar com isso nunca. Que me faz mal viver assim, mas que não tenho saída porque o que sinto por você me puxa em sua direção. Que espero que essa impossibilidade de indiferença seja sempre no aspecto positivo (nunca se transforme em ódio ou ressentimento). Que isso vai ficar guardado até que eu possa te dizer. Ou ficará guardado para o nunca mais. Talvez eu jamais diga...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Sem você (parte 3)

Entregou a resenha com pesar. A professora, de sorriso largo, estranhou o jeito da aluna. Tentou olhar em seus olhos, mas Marina se dirigiu de cabeça baixa para sua carteira. Ficou em silencio a aula toda. Se interessou pela janela. Ouviu a música e cantou dentro de sua cabeça, baixinho, triste.


Não foi à aula seguinte. Por isso, recebeu um telefonema de Rosana.
- Marina, senti sua falta na aula hoje.
- Acordei passando muito mal, professora.
- Já está melhor?
- Já.
- Olha, estou ligando também para dizer que sua resenha recebeu nota dez. Se houvesse nota maior do que dez, ela mereceria.
- Muito obrigada, gostei muito de ter feito esse trabalho. Amei os livros.
- Que bom. Não queria que perdêssemos o contato com o final do semestre...


A música tocou de novo romântica e brega.


Marina foi às últimas aulas com novo entusiasmo. Almoçou com Rosana nesses dias. A professora contou a ela sobre sua última viagem à Europa. Falaram muito sobre como não gostavam de poesia e de música americana. Na saída, Marina percebeu que Rosana, embora não morasse longe de sua casa, nunca oferecera carona. Pensou: de repente não ia para casa, poderia trabalhar em outro lugar à tarde.


Pegou seu ônibus e foi com a música longe.


Na primeira semana de férias sentiu saudade. Quis reler os livros que ganhara de Rosana. Quis relembrar as conversas. Quis revê-la.


Na segunda semana, o telefone tocou. Rosana convidou Marina para um jantar em sua casa. “Confraternização de final de ano”. Pegou um táxi e chegou ao apartamento. Teve aquela sensação de ser a primeira a chegar. A sala vazia, mas a mesa posta. Rosana logo percebeu o estranhamento de Marina e explicou: ela era a única convidada.


Marina assumiu para si mesma que seu desejo se havia realizado.


- Marina, você sabe por que eu nunca te ofereci carona na saída da faculdade?
- Não. Achei que você tivesse outro compromisso depois da aula.
- Não. É porque é antiético que professoras se relacionem com alunas ou alunos. Mas você não é mais minha aluna.
- Mas nós continuaremos lá. Não vou fazer sua disciplina, mas você continua professora e eu aluna.
- Eu saí de lá, Marina. Consegui um outro trabalho para o ano que vem.


A música tocou.


“I can’t liiiive, if living is without you...”

Sem você (parte 2)

Marina,
espero que a leitura te proporcione não só um ótimo trabalho, mas que ela te engrandeça como estudante e pessoa. E que, no fim das contas, te deixe uma lembrança minha. Os livros são seus. Não conte aos colegas!
Com carinho,
Rosana.


A música soou forte, os tambores sobressaíram. Não, o coração. Então os cinco livros eram presente. Um presente muito generoso. Marina sabia que ficaria sem graça ao encontrá-la na próxima aula e o mínimo que poderia fazer em retribuição era um trabalho merecedor de nota dez.

Na aula, como imaginara, chegou meio constrangida. Sentou-se mais ao fundo do que o normal. Viu a professora entrando. Muito elegante, como sempre. Dessa vez acompanhada pela música. A tal música antiga que perseguia Marina durante os últimos dias. A professora procurou Marina com o olhar e, dando bom dia à turma, piscou discretamente para ela.
Marina teve um sustinho no coração. Pequeno, logo se recompôs, afinal, elas tinham um segredo, era isso que significava.


Depois da aula foram tomar café com outros colegas. A professora estava mais simpática que o normal. Mais alegre. Marina tinha o costume de só chamá-la por “professora”, mas nesse dia foi advertida para que parasse com esse hábito. Deveria chamá-la pelo nome. E “nada de senhora”! Marina riu, sem graça e feliz. Por alguns segundos, enquanto Rosana conversava com outras pessoas, a música ficou tão alta em sua mente que não conseguia ouvir nem o burburinho dos estudantes na lanchonete.


Antes que saíssem da cantina, a professora disse a Marina que telefonasse para ela, pois estava curiosa por saber como as leituras iam. O número do telefone de Rosana soava a canção antiga. Romântica, brega e linda.


Deixou o telefone sobre a escrivaninha e tentou esquecê-lo por enquanto. Melhor ligar no meio da tarde. Não, melhor ligar antes do jantar. Não, depois do jantar. Eram quase dez da noite quando Marina criou coragem e pegou o telefone. Sem saber, Rosana estava sentada em seu sofá tentando ler, mas esperando o telefonema.


Atendeu ao primeiro toque com alô sorridente. Parecia linda em sua voz. Parecia estar de camisola. Marina demorou alguns segundos para entender a pergunta: “E aí, o que está achando dos livros?”. Conseguiu responder, e falar muitas coisas. Já havia terminado de ler todos e falou sobre todos, e acabaram-se os livros para falar e começaram a conversar sobre outras coisas. Muitas. Até duas horas da manhã, quando, pelo bom senso, acharam que deviam se despedir.
A música não deixou Marina dormir. Rosana, sim, dormiu maravilhosamente.


O outro dia era sábado. Marina escreveria seu trabalho. Escreveu uma, mil vezes o nome de Rosana no caderno e nada de resenha. Sábado passou. Domingo de casa agitada, almoço, essas coisas de quem tem família. Marina pediu que não fosse incomodada. Trancou-se no quarto e conseguiu fazer uma excelente resenha.


Quando chegou à faculdade, animada com o trabalho que tinha feito, Marina se viu ao redor dos amigos planejando férias. De fato, seriam os últimos trabalhos do semestre. Em poucas semanas Marina não estaria frequentando as aulas de literatura. A música soou melancólica dessa vez.

Sem você (parte 1)

Marina assistia à aula em paz. Sem desejos maiores do que o de estar ali acompanhando o que dizia a professora. Aula de literatura. A janela não era mais atraente do que a voz e a imagem da professora.

Nesse dia, foi proposto um trabalho sobre literatura brasileira contemporânea. Deveriam fazer resenha de um livro de ficção ao gosto de cada um. Gosto esse também avaliado. Claro, pois a escolha deveria ser crítica e consciente. Há tantas porcarias no mercado editorial.

No mesmo dia, antes de ir para casa, Marina passou na livraria e viu alguns títulos. Leu, releu contracapa e orelhas, mas não se decidiu. Afinal, livros são caros demais, não poderia comprar vários.. No máximo compraria dois, mas a decisão seria difícil.

Na aula seguinte, esperou a saída e consultou a professora sobre os títulos pelos quais havia se interessado. Ela era uma mulher imponente, alta, com voz forte. Dava até um certo medo. Mas em contraste, possuía uma doçura rara e grande acessibilidade aos alunos.

A professora aprovou os livros, porém disse que não se apressasse, pois outros livros bons estavam sendo publicados e não chegavam às grandes livrarias. Sabendo que Marina era aluna muito interessada, a convidou para o almoço para conversarem melhor.

Foram a um dos restaurantes da universidade, o mais caro, aquele onde os professores sempre comiam. Marina ficou sem jeito, tinha pouco dinheiro e ainda estava economizando para os livros. Sem coragem de contar à professora, entrou e se serviu modestamente no buffet.

Evidentemente foi percebida pela professora que não comentou nada – já havia sido aluno e desempregada – pagaria o almoço, mas Marina só saberia na hora de passar no caixa.

A conversa foi bem mais gostosa do que o almoço. E, por fim, a professora ficou de trazer alguns livros de que gostava para emprestar à aluna.

Quando chegou em casa, Marina começou a ouvir em sua mente uma música romântica antiga. Pesquisou mais alguns autores na Internet e a musiquinha tocando ao fundo. Por fim, cismada com a canção, procurou-a a na Internet e ouviu até enjoar.

Como prometido, a professora levou os livros e Marina foi para casa mais cedo para começar logo a leitura. Ao abrir o primeiro volume, a música soou alto em seu cérebro e a leitura foi acompanhada pela melodia.

No segundo livro encontrou um papel. Teve medo de que fosse algo pessoal, mas terminou abrindo. Era um bilhete:

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Livros me dão náusea 5

Terminei de ler - comprei, li todinho, nem deu tempo de postar aqui - o Arquitetura do Arco-íris da Cíntia Moscovich. O livro é muito bom, alguns contos são maravilhosos, gosto muito dela. Comecei agora A chave de casa da Tatiana Salem Levy, já está bom, já me acelerou um pouco os batimentos e me deu um princípio de náusea. Promete!
Sagarana e contos do Machado ainda estão no páreo. (Que páreo? Isso não é uma competição - Ah, é!).

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Cadê Regina?

Mas, Regina, essa situação lá em casa não pode continuar. Estou sofrendo muito com isso tudo – e tinha, de fato, muitas desavenças em casa que a faziam sofrer. Meus filhos não se falam mais, o pai entra, não cumprimenta ninguém – pra onde foram nossos laços?. Eu, Regina, eu tenho que passar mensagem de um para o outro. Onde já se viu isso? Menina de recados dos próprios filhos. Pombo-correio da sala para a cozinha, da cozinha para o quarto. Mas será que é só para isso que sirvo – serve também o jantar e abastece banheiros com sabonete e toalhas – só para evitar que se espanquem, que se matem? Porque espancar, já espancaram.

É como você disse, Regina, o pai judiou muito deles quando eram crianças, se revoltaram. Eu tenho culpa porque nunca impedi João de bater nos meninos. Dizia que eram homens, tinham que aguentar a dor – embora nunca aguentassem, implorando o fim das pancadas com o rosto lavado de lágrimas – e cada vez mais batia – e cada vez mais as lágrimas eram de ódio.

Sabe, Regina, ter só homens em casa às vezes é um desgosto. Não tive uma menina para me ajudar a por ordem na casa. Pelo menos que lavasse a louça no fim de semana e ajudasse os irmãos na lição. Que nem a sua. Menina é mais inteligente, tira nota boa na escola – ela mesma repetira o segundo ano três vezes e largara a escola. Tive três meninos, cada qual mais grosso e violento. Culpa do pai. Ainda bem que me respeitam – não me batem, quis dizer – porque se me agredissem, não sei o que faria.

Ah, Regina, tão bom conversar com você. Você sabe o quanto sofro. Esse corre-corre. Já estamos chegando. Vou dar o sinal para descermos. Vem, Regina, Essa hora ônibus sempre lotado – em pensar que iria para cada mais tarde retomar a rotina de insultos, cobranças e gritaria... Regina, desce, Regina. Ué, cadê, Regina? Moço, minha amiga Regina está descendo, espera um pouco. Tem mais ninguém em pé para descer não, senhora. Tem alguma Regina, aí? Tem ninguém com esse nome aqui. Regina? Reg...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Biografia

As pequenas tramas da vida são os grandes acontecimentos. A briga com a melhor amiga. A reconciliação. Os novos encontros. Uma comida inesquecível cuja receita descobrimos na Internet ou com uma tia. A almoço de inauguração da nova receita.

As pequenas tramas da vida são os adjuntos adnominais. Sem elas, somos nós, sim, uma identidade, mas nenhum determinante. Sem elas, não sabemos se foi belo ou feio, se foi alegre ou triste. Sem elas as coisas apenas seriam. Nascer, crescer, se reproduzir, morrer.

As pequenas tramas da vida fazem com que a morte se torne um evento triste. Porque ver morrer que te ensinou a amarrar o cadarço, ou a pessoa com quem você andou de ônibus pela primeira vez. Ou quem te deu nota zero na escola. Ver morrer essas pessoas é a maior tragédia da vida.

As pequenas tramas da vida fazem com que um beijo não seja só o ensejo da relação sexual. Seja o momento mais esperado, mais aguardado e almejado de uma existência. Um simples tocar de bocas que não nasce da simples vontade. Necessita de alguém que seja o alguém, que tenham que te apresente esse alguém, que corresponda a você. É preciso ser o alguém de um alguém.

As pequenas tramas da vida nos fazem comprar livros e guardar flores secas dentro deles. Nos fazem dá-los de presente. Nos fazem filosofar à toa. Nos fazem biografar.

domingo, 12 de abril de 2009

O dragão comilão

Ganhei o livro O dragão comilão na minha festinha do livro, no fim da alfabetização. Eu adorei. O dragão comia de tudo, comida, flores e, por fim, palavras. Na última página do livrinho, havia um espaço em branco para que nós escrevêssemos uma historinha. Eu escrevi, mas não sabia direito como fazer isso. Meio que copiei a historinha do livro e ficou por isso mesmo.

Com o tempo entendi a metáfora do dragão comilão ter sido nosso primeiro livro na vida alfabetizada. Nós éramos os dragões. Eu fui o dragão. Segui à risca, desde a primeira vez que o li. Passei a deglutir todas as palavras. A mesma dificuldade que senti quando tive de escrever a historinha no final, sinto hoje. O livro tinha me contaminado e era difícil não repeti-lo.

A diferença é que hoje, após centenas de livros lidos, tenho um repertório maior. Mas nunca, nem uma vez nessa vida, consegui escrever sem repetir as histórias dos livros da minha vida.

sábado, 11 de abril de 2009

Livros me dão náusea 4

Me lembrei de atualizar as leituras para não me perder nos livros lidos durante o ano. Agora estou nos contos. Um pouco de cada coisa: Sagarana, Onde estiveses de noite e O volume 2 (Adultério e ciúme) da coletânea de contos de Machado de Assis. Vou lendo os contos aos poucos, revezando e deixando de lado os de que gosto menos. O livro da Nélida Piñon parei de ler, não consigo insistir, se a leitura empaca, ok, retomo um dia. O da Lygia Fagundes Telles terminei. Muito bom.

Semana Santa

Nublado e vago, o dia acordou vazio de sonhos. Na cama, Luana já pensava na dura rotina de mais uma semana. Café com excesso de açúcar, cidade com excesso de ruas e nenhuma gentileza.
Saiu na hora de sempre e pegou o ônibus para o trabalho. A condução, já cheia, iria em pé, estava acostumada. Mas naquele dia, algo diferente: um rapaz levantou-se para lhe ceder o lugar. Luana tentou recusar, mas no final sentou e como poucas vezes havia acontecido, chegou ao trabalho descansada.

No trabalho, o dia transcorrera sem sustos, nenhuma cobrança do chefe, colegas simpáticos e mais silenciosos que o comum. Quase não sentiu sono durante o expediente. O dia foi mais agradável do que o esperado.

O dia seguinte não poderia ser tão bom. Mas foi igual ou melhor. Havia lugar no ônibus e a pessoa ao lado não dormiu em seu ombro nem puxou assunto sobre conversão religiosa. Recebeu elogio do chefe e almoçou uma lasanha aos quatro queijos sem a menor culpa. Chegou em casa leve e dormiu muito bem relembrando seu bom dia.

Sua sorte não poderia ser melhor. Saiu de casa temendo um temporal, pois, após dois dias nublados, a chuva cairia certamente. Ao contrário disso, no meio do trajeto as nuvens sumiram e o sol brilhou intenso. Sentiu calor, pois a roupa escolhida era para um dia mais fresco. Por sorte, era dia de liquidação nas lojas e a caminho do trabalho comprou um vestido lindo pela metade do preço. Passou o dia recebendo elogios pela bela roupa.

Ah, a generosidade da vida causa desconfianças. Mesmo após três ótimos dias, ainda não conseguira relaxar pensando nas compensações negativas que viriam. Preparou-se para a reunião de quinta-feira. Não poderia evitar o estresse. Foi munida de muita calma e argumento que nem precisou usar. O chefe viajara e em seu lugar um assessor passou apenas os resultados da semana elogiando a equipe e encerrando a sessão mais cedo.

A esmola é demais. Luana já olhava os rostos simpáticos com um certo medo. Pensou que estava prestes a ser demitida e que, como todos já sabiam, a tratavam bem por remorso. Nunca uma semana havia sido tão boa e produtiva. E como ainda faltava um dia, Luana resolveu tratar de torná-lo perfeito.

Vestiu sua melhor roupa, chegou mais cedo ao trabalho, cumprimentou com entusiasmo a todos os colegas. Teve ideias, trabalhou como nunca. Às 11 da manhã recebeu uma entrega: flores do ex-namorado que se desculpava pelo sumiço e admitia não tê-la esquecido. Ao meio-dia o telefonema de uma grande amiga que estava passando por perto e resolveu convidá-la para o almoço. Às 6 horas o happy hour com os colegas de trabalho. Às 8 horas uma passada pelo mercado para comprar algumas coisas para o fim de semana e, surpresa!, fora sorteada na semana anterior e sem saber era dona de um vale compras no valor de três mil reais.

Chegou em casa cansada de tanta alegria. Descalçou os sapatos, jogou as sacolas pelo chão e deitou no sofá sorrindo de espanto, olhando o teto mal conseguindo pensar. Luana, a mesma de sempre, sem nada demais, nem uma oração sequer, ganhara de presente da vida uma semana formidável. Ficou pensando em tudo que se passara naqueles dias sem acreditar, até que seus olhos se inundaram se sono e os sonhos se misturaram com a realidade...

domingo, 5 de abril de 2009

Insetos

Hoje eu vi um besouro, e um pequeno louva-deus. Que bom, amanhã só restarão as baratas.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A noiva tímida

Seu vestido era de um branco perolado. Um branco não-branco. Ia se casar depois de cinco anos de namoro e dois de noivado. Enxoval bordado, lindo, lindo. O noivo comprou uma casa que ela ainda não conhecia. A mãe comprou camisolas que ainda não vira. Um pouco nervosa subiu as escadas da igreja e, muito baixinho, respondeu que sim. Queria se casar. No carro, encolheu-se no abraço no recém-marido que antevia as delícias do amor de mais tarde. Na festa, dançaram a valsa, ela, nada mais, cumprimentou um por um e alegando cansaço sentou-se até a hora do bolo. Não o comeu, evitando o açúcar para manter o corpo de noiva. No hotel, reservada uma linda suíte que esperava o feliz casal com pétalas de rosa e champanhe. Entrou no colo como diz o ritual. Beberam a primeira taça. Ele a conduziu ao banheiro para que trocasse o vestido pela camisola. Ele, já sob os lençóis, a esperou. A noiva deitou-se. O noivo a abraçou, tentou tirar sua camisola, ela não deixou. Tentou beijá-la na boca, ela rejeitou. Tentou deitar-se sobre ela. Ela pegou a garrafa de champanhe e golpeou-o na cabeça. Dormiram em paz.