quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Romeu e Julieta


Chorei por causa da cebola. Não porque estivesse picando cebolas e sentindo aquela substância que evapora delas e entra nas minhas narinas e olhos. Estava descascando a cebola e e por isso chorava. A cebola não acaba. Não termina, não termina. É um infinito de cascas a serem tiradas, um desespero que tempera o feijão, o arroz, o bife e ainda se come cru. Desespero do que não acaba nunca e um choro que não é de lágrimas. É daqueles em que o olho fica ardido e a lágrima resseca.

Desespero do bife com batata frita sem banana a milanesa. Não faz sentido um prato sem banana. Na minha cabeça todas as comidas deveriam ser como o queijo com a goiabada, sempre doce com salgado e nunca esse prato seco de arroz, macarrão e lentilhas.

Pois o ser humano foi inteligente quando resolveu temperar tudo com cebola. Mas foi ignorante quando decidiu usar o conceito de doce com salgado somente na sobremesa.

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