quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Chuva de verão (2ª parte)

Já estávamos nos últimos dias de aula, quase sempre eu perguntava o real motivo para ela não sair de casa. Ela disse que tinha uma doença que a impedia de ir à rua. Não disse exatamente o que era. Pedi para ver, porque eu não tinha medo, nem nojo, nem pena. Eu gostava tanto de Elisa que ficaria em casa com ela, fazendo companhia enquanto sua mãe trabalhava.
Insistia e ela não deixava, por nada nesse mundo, que eu a visse por inteiro. Só do peito para cima.
Como era fim de ano, o verão já estava ardendo e o tempo de chuvas chegava. Numa sexta-feira, quando ia subindo sua rua, um temporal se armou. Em poucos segundos a tempestade caiu sobre mim. De sua janela Elisa já me via, molhada correndo. O vendaval me impedia de enxergar, e os raios que clareavam tudo em volta me apavoravam. Corri rumo a casa de Elisa e quando me aproximei da janela ela disse “entre, a porta está aberta”.
Entrei correndo e já falando:
“Nossa, que chuva, de repente. Senti tanto medo”.
“Vou pedir à Rita que traga uma toalha”.Somente quando ouvi a voz de Elisa me dei conta de que estava dentro de sua casa. Desembacei os olhos e vi o que ela não deixava que ninguém visse.

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