terça-feira, 21 de abril de 2009

Sem você (parte 1)

Marina assistia à aula em paz. Sem desejos maiores do que o de estar ali acompanhando o que dizia a professora. Aula de literatura. A janela não era mais atraente do que a voz e a imagem da professora.

Nesse dia, foi proposto um trabalho sobre literatura brasileira contemporânea. Deveriam fazer resenha de um livro de ficção ao gosto de cada um. Gosto esse também avaliado. Claro, pois a escolha deveria ser crítica e consciente. Há tantas porcarias no mercado editorial.

No mesmo dia, antes de ir para casa, Marina passou na livraria e viu alguns títulos. Leu, releu contracapa e orelhas, mas não se decidiu. Afinal, livros são caros demais, não poderia comprar vários.. No máximo compraria dois, mas a decisão seria difícil.

Na aula seguinte, esperou a saída e consultou a professora sobre os títulos pelos quais havia se interessado. Ela era uma mulher imponente, alta, com voz forte. Dava até um certo medo. Mas em contraste, possuía uma doçura rara e grande acessibilidade aos alunos.

A professora aprovou os livros, porém disse que não se apressasse, pois outros livros bons estavam sendo publicados e não chegavam às grandes livrarias. Sabendo que Marina era aluna muito interessada, a convidou para o almoço para conversarem melhor.

Foram a um dos restaurantes da universidade, o mais caro, aquele onde os professores sempre comiam. Marina ficou sem jeito, tinha pouco dinheiro e ainda estava economizando para os livros. Sem coragem de contar à professora, entrou e se serviu modestamente no buffet.

Evidentemente foi percebida pela professora que não comentou nada – já havia sido aluno e desempregada – pagaria o almoço, mas Marina só saberia na hora de passar no caixa.

A conversa foi bem mais gostosa do que o almoço. E, por fim, a professora ficou de trazer alguns livros de que gostava para emprestar à aluna.

Quando chegou em casa, Marina começou a ouvir em sua mente uma música romântica antiga. Pesquisou mais alguns autores na Internet e a musiquinha tocando ao fundo. Por fim, cismada com a canção, procurou-a a na Internet e ouviu até enjoar.

Como prometido, a professora levou os livros e Marina foi para casa mais cedo para começar logo a leitura. Ao abrir o primeiro volume, a música soou alto em seu cérebro e a leitura foi acompanhada pela melodia.

No segundo livro encontrou um papel. Teve medo de que fosse algo pessoal, mas terminou abrindo. Era um bilhete:

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