quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Á moda antiga

Minha gentileza a impressionou. Por que as mulheres são tão impressionáveis? Já não são mais. Essa é à moda antiga. Achou lindo e incrível que eu a levasse a um restaurante, que pagasse a conta, que tivesse meu próprio carro, a buscasse e deixasse em casa, que não a levasse pra cama no primeiro encontro. Fácil conquistar mulheres. Essa já havia terminado os estudos, mas não trabalhava, ganhava mesada do pai e fazia curso de francês. A família desejava um bom casamento com tudo como mandava o antigo figurino. À moda antiga. No segundo encontro, dei a ela uma caixa de bombons finos. Um encanto. E entrei na casa para conhecer a distinta família. Senti vergonha das minhas intenções. Mas que importa? Azar é desse povo de pensamento antigo. A menina era linda e bem cuidada, tudo o que eu queria. Nem de longe aquelas maloqueiras universitárias, dia e noite de jeans, dia e noite de Nietzsche. Essa falava da tv, do Brasil e de filhotes. Bem à moda antiga. A deixei em casa na segunda noite, mas beijamos no carro e toquei suas pernas. Só mais um encontro. Convidei-a para conhecer minha casa, assim ganharia sua confiança. O jantar foi um sucesso. Apresentei meus pais e meu irmão. Apresentei os cachorros por quem ela se apaixonou. Conversou a noite toda sobre raças e rações. Não a levei em casa, pois me disse que tomaria um táxi sem o menor problema. Achei ótimo, um pouquinho de independência não faz mal a ninguém. No dia seguinte ela voltou de vestido amarelo e com presentes para os cachorros. No outro dia, vestido azul e presente para os cachorros. No outro, vestido rosa e presente para os cachorros. Não consegui mais dormir: mulher louca. Aquilo não era normal! Se ela voltasse pela manhã chamaria a polícia. Mas os vizinhos o fizeram por mim, dizem que ela chegou de Kombi branca, máscara de meia calça e vestido verde, embarcou os cachorros e saiu cantando pneu.

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